Eu acredito intensamente nesse ser apaixonado que vai nascendo das próprias dores, as que já eram suas e as que chamou a si, esse ser que pode ser tudo e todos e que, ainda assim, ou por isso mesmo, carrega toda a suavidade e toda a beleza do universo. Um tocador do divino.
Acredito no Ator que mergulha no buraco negro, aí se banha e morre de espanto abstrato e que, depois, precisa voltar à superfície – do tempo, do espaço e das formas – e, numa entrega descarnada e segura, transforma a viagem em espanto concreto, para finalmente (fazer) viver. Para, enfim, servir – mundos, histórias, almas – aos outros. Para fazê-los, mais do que imaginarem, mais do que sentirem, se transportarem junto com ele para aquele lugar que ele desenhou e atingirem, ali, um pouco da mesma felicidade humana – mesmo que na tristeza, mesmo que na fragilidade, mesmo que na podridão. E, então, o preconceito foi banido. O absoluto foi vislumbrado. O homem se faz humano.
carolina floare boreaz